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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Excerto de uma obra sem data de fim previsto ou certo.


António Esperança sempre tivera azar nas relações, era vulgar acabar por sair corno delas. Ou porque era demasiadamente calado, ou demasiadamente falador, ou demasiadamente bonito, ou demasiadamente carinhoso…

Havia sempre um “ou” que assemelhava uma parceira antiga a outra e, uma razão presente, em todas as suas relações, que o acabava por transformar num namorado incapaz. Uma vez, uma delas chegou mesmo a proferir que ele era demasiadamente perfeito.

Para António aquilo soava sempre a algo disparatado. Uma mulher acabar uma relação porque o namorado é incorrigivelmente perfeito? Nunca lhe passaria pela cabeça…

Motivos bem mais fundamentados, teria ele, se quisesse acabar com algumas delas. As flatulências nauseantes de Diana, os arrotos descontextualizados de Dalila, os sovacos florestados de Teresa…

Uma vez, chegou mesmo perto do vómito, quando deu entrada na casa de banho, aflito para urinar. Depois de abrir o tampão da sanita, a visão caótica e assustadora de um cagalhão desfragmentado, boiando à superfície de um oceano castanho. Por mais que tentasse mudar as atitudes emporcalhadas de Paula, ela sempre o surpreendia com algo ainda mais criativo e de uma nojice avassaladora.

Mas não foi ela a mais extravagante. António Esperança jamais esquecerá o chulé de Cassandra. Tinha aquele estranho hábito de comer descalça ainda por cima. Talvez por isso ele tenha comido fora tantas vezes durante o período que durou aquela relação, mais vezes do que em qualquer outra fase da sua vida.

Além disso, Cassandra era detentora do hálito mais horrendo. Por vezes, duas singelas letras proferidas pela manhã, um breve “oi”, eram o suficiente para deixá-lo desconcertado o resto do dia. Não durou muito tempo com ela, é certo, mas enquanto durou foi um pavor. Foi das poucas que o deixou feliz quando o confrontou com a ideia de que uma relação entre ambos já não faria sentido.

(...)

11 comentários:

Rafael Lopes disse...

Opa blz rapaz.

Gostei do blog
estou te seguindo por aqui

abração
ate mais

Adriano Narciso disse...

epá fartei-me de rir pedro! tá muito bom ;)

Abraçp e vê se acabas isso !

mpx disse...

Mto bom! Quer esteja, ou não, prevista uma data de fim, espero que nos dês a conhecer o destino de António, esse ilustre corno desconhecido.

Aquele abraço

Pedro Rodrigues disse...

Sim, pretendo acabar isto. Se está bom ou não, só se saberá no fim... Porque acreditem ou não, muita merda haverá a rolar nesta história, assim como outros momentos homogéneos de teor tóxico.

Também, e, verdade seja dita, nem todos os dias uma pessoa consegue estar com a disposição necessária que este tipo de obras requerem, mas como disse, é para ir fazendo.

Obrigado pelas críticas,

Cumprimentos.

R.L. disse...

para além das palavras, que li, devo dizer que gostei muito da «banda sonora» do blogue... eu, que também adoro guns n roses, há que ouvir de tudo.

dade amorim disse...

Quem sabe o único e fatal defeito de António fosse o de escolher mal suas parceiras!
Obrigada por sua presença, que me levou a descobrir mais um ótimo blog.
Um abraço!

Pedro Rodrigues disse...

Sim R.L é mesmo... Tudo o que for bom para os nossos ouvidos e que ajude a manter o nosso espírito saudável, vale a pena ser abraçado.

Quem sabe D. Amorim, quem sabe... Mas uma relação é uma escolha a dois, ou não?...

Obrigado a ambas, pelas críticas.

Cumprimentos.

continuando assim... disse...

excelente ... e vamos lá ver o que acontece ...
bj
teresa

Flavio Dutra disse...

É estranho, mas nunca pensei nas mulheres com essas características muito masculinas. Geralmente são elas quem reclamam desses deslizes nos homens. Contudo, confesso que já me fartei de uma que tinha um mau hálito portentoso (hehe).Coitada.

Pedro Rodrigues disse...

Nem mais Continuando Assim, vamos lá ver o que acontecerá... Devo confessar que nem eu sei ainda.

Posso no entanto adiantar que esta personagem, por ter conhecido uma vez mais a trágica sensação do fim de uma relação e, ter sido, por essa razão, posto fora de casa pela sua amada, acabará por se envolver com uma idosa, mãe de um amigo seu.

Flávio, apenas te posso dizer que elas existem. Nunca homens e mulheres tiveram papéis tão semelhantes em sociedade. É claro que isso se nota mais, em sociedades onde religião já não tem a mesma preponderância que tinha em tempos anteriores.

Isto pretende ser uma comédia, por isso as descrições são levadas, por força dessa necessidade, aos extremo.

Cumprimentos a ambos.

PS - Flávio, relativamente à experiência de que falaste. Bem... A coisa mais amiga que te posso dizer neste momento é que estou solidário... =D Abraço.

Anónimo disse...

A perfeição não existe, apenas o reflexo distorcido daquilo que gostavamos que o outro fosse ou no limite daquilo que nós gostariamos de ser. Revoltados culpamos e apontamos falhas a quem nos rodeia. Mas gostei do António, às vezes não é mau conhecer um homem mal sucedido romanticamente falando...