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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Monólogo da revolta de uma coisa relativamente a uma outra, que lhe é diferente.















Às vezes apetece-me mandar o mundo à merda. Não de um jeito qualquer. Educadamente. Assim não poderiam, se quisessem, ofender as minhas origens. Às vezes apetece-me mandar o mundo, acompanhadamente à merda. Afligia-me se ele fosse sozinho…


Abstracção. Tentem respirar, algures entre uma atmosfera imunda, uma partícula de oxigénio purificada. Ainda que não saibam qual, saberão sempre que uma das porções de ar está inquinada.


Insanidade. Tentem ensinar uma sarjeta. Impossível. Todas elas acolhem, sem selecção, toda a espécie de muco. De fezes… Gosto de fezes. Especialmente das enroladas. Lembram-me espirais. Linhas contínuas e arbitrariamente encurvadas, que se mostram como são, e vivem para sempre sem artificialidade.


Reformulo. Às vezes apetece-me mandar, acompanhadamente, o mundo para um lugar mais feio do que fezes. [Fezes podem ser obras de arte originais, pessoas não.] E de mandar essas pessoas para um sítio sem ar, esse metâmero precioso e que, perigosamente, permite emancipar distinção.


Às vezes mando-as para esse lugar. Olho-as e falo-lhes, sem que estas se apercebam. Sorriem-me frequentemente quando o faço. Eu também. Estúpidas, elas fazem-no sem saberem porquê. Lúcido, aproveito para economizar raciocínios. Pois sei, no fim de contas, que elas não sabem o motivo pelo qual me ri-o da cara delas, ou se me ri-o efectivamente delas. E no fim, ainda pensam que sou um tipo simpático.


Nem todos os tipos que nos riem sem motivo são simpáticos. Ou são estúpidos, porque não sabem do que riem, ou, e para lá do seu riso vulgar, comummente entendido também por simpatia quando a sua origem não consegue ser fielmente explicada, são anónimos comediantes que, confortavelmente sentados no cadeirão metafórico do seu silêncio, servem a plateia voraz que jaz sedenta de escárnio, dentro deles.


Às vezes apetece-me mandar o mundo para uma prisão. Mas quase sempre, sou eu quem acaba preso. Não numa prisão, que isso seria poder demais, mas antes a uma vontade [apenas]. [Falácia]. Enquanto houver vontade, jamais um [apenas] será depauperado quando, para além de estar cravado à sua primitiva forma de advérbio, for, como neste caso, reaproveitado para englobar uma cinemática forma de prestar adjectivação a um substantivo. Se assim fosse, seria uma tragédia, e, sinal que o meu desejo fora cumprido igualmente. Não é que essa tragédia fosse algo pejorativo para mim, mas seria, segundo os Rogerianos, humanamente injusto para o resto…


Muito bem, fiquei convencido. Talvez deva reunir esforços no sentido de controlar os meus impulsos pois, e, no fim de contas, ainda há instantes cheguei à conclusão que todos eles, são actos que nos empobrecem.


3 comentários:

mpx disse...

A grande lacuna da vida é, sem dúvida, escondermos o que realmente sentimos. Não são poucas as vezes que me dá vontade de mandar muita gente à merda. Mas não para uma qualquer merda, nem tão pouco para uma no sentido figurado. Não! Quero que simplesmente desapareçam. Que se encham de merda. Que comam um grandessíssimo e aristocrata cagalhão; que se engasguem com ele; que lhes preencha todos os orifícios... mas depois; depois vem aquele velho estigma social que nos obriga a sorrir, a anuir a cada comentário ou observação fútil.

Uma merda!
cumprimentos
bom fds

Pedro Rodrigues disse...

Sim. Provavelmente muitos de nós já fomos para destinos muito pouco higienizados...

Eu gostaria era de saber quando me mandam a mim para um lugar desses [sim, porque sofro de uma tendência particular por me cruzar com pessoas simpáticas], não para lhes espetar um murro pois não sou um tipo violento, mas antes para certificar-me que eram locais mesmo imundos. E aproveitar também, diga-se toda a verdade, para lhes pedir que elas mandassem juntamente comigo uma máquina fotográfica. Quem sabe, se não viraria um artista consagrado...

Cumprimentos.

Daniel disse...

Pedro:
Antes de mais, tenho que dizer-te que de todos os teus posts, este foi o meu preferido. Quem diria que teria preferência por "merda"? A verdade é que ainda que a merda seja só merda, há merda melhor para uns do que para outros. E mesmo que a lacuna de que fala o mpx não exista, há sempre quem nos queira enfiar o tal "grandessíssimo e aristocrata cagalhão" (dos bons não! dos maus.) pela boca. E nós continuamos a sorrir porque achamos que a base da vida é a submissão aos velhos do restelo que estão no topo da cadeia alimentar. E esses sim... esses comem merda da boa!

Um abraço amigo!

Daniel