“O trabalho afasta três males: o aborrecimento, o vício, a pobreza”, dizia Voltaire. Pois bem, em Portugal e, nos dias que correm, o trabalho nunca conseguiu congregar tão bem estes três conceitos, pelo menos desde que eu me lembre.
Quem trabalha, cada vez tem de o fazer mais e mais e mais, diluindo desse modo e, por questões temporais, qualquer outra espécie de vício. O que me leva a pensar que o trabalho de certa forma tem-se tornado cada vez mais o vício dos necessitados, que o consomem para combater a pobreza que é uma réplica cada vez mais autêntica da realidade onde vivemos.
Quanto ao aborrecimento, esse é claro e por isso simples de explicar: Basta reflectirem (e isso faz-se enquanto estiverem a fazer as vossas necessidades básicas sem prejudicar de forma alguma o vosso pouco tempo) sobre a sobrecarga de trabalho quase sempre não remunerado que sustentam entre os vossos ombros todos os dias. É claramente um enorme aborrecimento.
E cá vamos nós sobrevivendo como sempre o soubemos fazer. Enganando a própria consciência com um futuro utópico e que nunca será, se nada fizermos, mais do que senão e só mesmo isso. Um futuro eternamente por acontecer porque o sonho não teve coragem de romper o útero da vida para se erguer como um homenzinho…
Até Breve.